Ontem foi dia do amigo. Uma data relativamente nova, mas extremamente especial que te sacode e diz: e aí? Cadê seus amigos? Tem visto? Falado? Conversado? Tem estado presente na vida deles? E eles? Tem estado na sua?
Chato este dia do amigo. Lembra a chatice da vida em nos afastar de quem amamos.
Claudia (Luz), a primeira amiga a ser citada aqui, disse que eu talvez tivesse me afastado por causa de tantas mudanças de cidade. Quem não fixa o pé, não fixa amigos. Será? Tenho minhas dúvidas.
Mas faço também minha mea culpa. Tive muita gente presente, disposta a estar sempre por perto, mas de quem fui paulatinamente me afastando. E hoje sofro com isso. A vida vai empurrando a gente... EMPURRANDO mesmo. E empurra de tal maneira que, se não tivermos força, coragem (e fé), e não tomarmos as rédeas, ela vai levando... levando... fazendo da gente o que bem quer. E que fique claro que a vontade da vida nem sempre é a vontade de Deus. É simplesmente a vontade do acaso, que nos dificulta toda firmeza que devemos ter diante das nossas próprias vidas. Falta segurar o controle remoto da vida. Sintonizarmos onde queremos. Onde precisamos. Onde achamos melhor. E o pior: às vezes, até pensamos ter o controle remoto em mão. Mas perdemos as pilhas. E, com elas, perdemos o timing da vida.
Camila: se é possível existir a melhor, melhor de todas na vida, é ela. Minha melhor amiga. Amo do tamanho que não dá para medir. |
Saco ficar sem elas. Saco a correria. Saco o relógio. Saco o tempo que passa.
Livia (Carvalho), Juliana (Villarino), Rosana (Frempong), Adriana (Faro)... oh, amigas... às vezes eu acho que vocês perderam as pilhas tanto quanto eu! Nunca mais nos vimos! Nunca mais conversamos! Nunca mais soubemos uma da outra... Triste.
Maruzia (esta nem precisa de sobrenome...rs É única!) tem estado comigo. Nos reencontramos. A pilha deu um tilte repentino e, não perdemos tempo, fizemos o controle funcionar novamente para o amor. Sintonizamos o canal da amizade e nos reencontramos... Mas a pilha tá ficando fraca... E cadê nossa atitude em trocar?
Oh, vidinha mandona! Ela insiste em querer nos levar para onde quer. Às vezes acho que ela não quer coisa alguma. Só quer nos atrapalhar. O acaso. Merda de acaso. Acaso que não sabe dos casos de amor...
Pati (Linhares), Ju (Linhares). Estas não fogem. A vida nos colocou no mesmo prédio. A gente já se mandou de lá porque, sim, a tal vida mandou - peste mandona! Mas as mães continuam... E mães sempre parecem ter mais domínio da vida que a gente. Elas trocam as notícias das filhas. E o Facebook - que pode ser, sim, um grande amigo do nosso controle remoto - nos deixa ciente uma das outras. A nossa amizade é destas de que não dá para duvidar. E Juli me ensinou, sentenciou: "é amizade feita no playground, Elen... É diferente. É para sempre! Pois foi feita quando o único interesse era jogar baleado juntas ou fazer piquenique no meio das formigas. Amizade construída com pureza." Bingo! Nesta, dona Vida, a senhora não manda! Xeupo!
Louise (Calegari), minha gravidinha por quem torço tanto. Amizade de prédio também. Não adianta. Pode passar o que for. Se a gente precisar uma da outra, vamos, sim, estar lá. Não é, Fernanda e Roberta (Martin), ainda que estejam no Alasca (piada interna), estaremos juntas! E viva o Condomínio Quinta do Mar, só para rimar!
Ju (Tosta), não esqueci de você.
Naira (Lantier). De você também não esqueço.
Nancy, como esquecer minha amiga presente por anos em tantas questões, sempre com tanto afeto e compreensão... E, claro, como esquecer quem me apresentou o meu maior amigo, o meu amor.
Débora (Salomão) e Ludmila (Viana Nunes). Lembranças da formação dos nossos primeiros traços de caráter, acredito. A importância dos primeiros convívios sociais. Vocês ajudaram a formar o que sou.
Luiza (Cardoso), te amo para sempre. Amo seus filhos também, embora a droga do tempo, nunca tenha me deixado conviver com eles.
E Clarissa (Vargas), que tanto tentou, a duras e fortíssimas penas, me trazer o sonho de volta... Me ajudar a reconstruí-lo. Desculpe, amiga. Teve que ser no meu tempo. Mas agora, podemos ornamentar esta construção que já é sólida - nas duas. Que tal? Aceita o convite? Vemo-nos no palco?
E ainda tem aqueles amigos que a gente reconhece de cara. Mas que a mandona da vida lá nos impede a uma entrega maior. São inúmeros. Inúmeros. O coração da gente é muito grande para o tamanho do nosso relógio.
Há também os amigos que na hora certa se mostram, e dizem: tô aqui, com você. Bràz (Divinnuh), Claudinho (Simões), Marcelo (o das Flores tão suaves e ao mesmo tempo tão fortes na vida).
Há os amigos que nos salvam: Bibiana, Alcina.
E tem aqueles para quem a pilha não consegue descarregar: Fernanda (Miranda)- de uma forma ou de outra, estou sempre aqui (e aí).
Tem gente também que some! E que não adianta culpar o relógio. Somem porque não são. Nunca foram. Nunca serão.
Tem os amigos da minha nova terra, Rondônia. O problema - como bem disse a Luz de Claudia - é que a gente sai, e pensa que tudo vai ficar igual, mas não é bem possível ser assim. Daiana (Bagattoli), Juliane (Barroso), Fabiane (Nazareth)... vamos pegar este danado de controle remoto e sintonizar no canal do amor, independente do estado da Federação? Héin, paranaense Carol (Brandão), cearense Angélica (Sobreira), paranaenses Charlene (Gora)e Marco (Dallegrave)? Tá feito o convite.
Minha linda Paula (Barouchel). Eu sei que você, sim, sempre topa o convite.
E, claro, Nardele, a que me apresentou uma das melhores amizades do mundo. A única para quem as pilhas sempre reapareceram. Mas tenho quase certeza de que a TV dela andava desligada. Amizade bela, mas adormecida. Amizade tão forte, tão intensa, tão ocupante de todos os espaços que talvez tenha consumido toda a pilha do controle remoto, me impedindo de sintonizar (e até descobrir) as outras lindas amizades. A forte amizade cansou de ser forte e, não mais que de repente, deu um suspirinho de "peraê, deixa eu viver minha vida sozinha um pouco". Deixa eu descobri quem sou. Deixa eu ser eu.
E hoje sou eu. Um eu pleno de muitas coisas! E, sim, muitas pessoas. Mas um eu meio vazio. Depois do dia do amigo, vi que me distanciei, me perdi do que há de mais puro e verdadeiro: a amizade.
Perdoem, amigas e amigos. Também perdoo a quem é de perdão. Estou procurando a pilha do controle remoto da vida. E da amizade. Juro que estou.
E lembro a vocês: se o relógio da vida é pequeno, o meu coração é enorme.